25 feb 2014

Anarquia na rádio: Cabezas de Tormenta

Colamos esta moi interesante entrevista (enviada á nossa caixa de correios traduzida por ANA) feita polas compas do jornal anarquista "Tierra y Libertade" ós responsáveis do programa de rádio Cabezas de Tormenta, que “desde as entranhas de Madrid, essa cidade que nom tem coraçom” - como elas mesmos dizem - têm esmiuçado em seus mais de cinquenta programas numerosos aspectos da realidade social, sob umha perspectiva anarquista.

P > Como surge a ideia de Cabezas de Tormenta na sociedade da imagem e como a levam a cabo?

R < Enquanto indivíduas, algumhas das pessoas que formam a assembleia de Cabezas de Tormenta vêm de experiências radiofônicas anteriores, enquanto que outras sempre haviam tido interesse no meio. Desde umha perspectiva coletiva, o projecto surge num contexto de debate colectivo na cidade de Madrid. Durante um ano e meio existiu umha assembleia em que colectivos e individualidades anticapitalistas sentavam para debater e pôr em comum inquietudes e necessidades. Foi entom que se propom fazer um programa de rádio de difusom libertária que se complementaria com outros meios já existentes (como o periódico mensal “Todo por Hacer” ou as palestras que periodicamente o Local Anarquista Magdalena organiza), e que tivera a intençom de dirigir-se a um público amplo, preferencialmente nom militante. Daí vem temas que focamos sempre (ainda temos muito que melhorar) com a intençom de que qualquer um possa entender o que se diz e se consiga suscitar interesse nas radio ouvintes. Tivemos umha série de assembleias preliminares, nas quais foram ficando gente diferente, e finalmente nos lançamos à piscina. No aspecto técnico, um companheiro nos doou um computador, outro comprou umha mesa de som e um terceiro de Granada (Radio Almaina) foi a Madrid para instalar o software (tudo livre, certamente) e ensinar-nos a manejá-lo numha breve oficina. A partir daí começamos a andar, com nossos erros e acertos...

P > Que grau de proliferaçom parece que têm as rádios livres nestes momentos?

R < O estado de saúde é óptimo e nossa maneira serve para pôr em dúvida a capacidade comunicativa do meio informático. Nom é o mesmo a comunicaçom que a difusom. A rede tem se revelado como um meio muito pobre para estabelecer comunicaçons entre iguais (aí está o declive dos foros e o patetismo da cibermilitância), pois é umha ferramenta muito potente para difundir. A rádio que se faz agora é a rádio de sempre, mas difundida por páginas web e portais, desde o momento em que se sobe o arquivo de áudio, fica ao alcance nom só de milhares de ouvintes potenciais, mas de outras rádios e projectos que o enlaçam e movem. E cada vez que há mais programas, respondem aos poucos meios que se necessitam e ao potencial que existe na hora de propagar sua mensagem. Agora mesmo, no Estado espanhol, há duas tendências que se complementam: por um lado os programas como o nosso (com sua web e umha linha mais ou menos definida) e projectos mais ambiciosos, como a mencionada Radio Almaina em Granada, que nom só têm um portal com seus programas, e que emitem em FM umha grelha na qual se incorporam também programas de outros lugares (como é nosso caso). O resultado é genial – Cabezas de Tormenta se pode escutar no computador, mas também nas ondas de Granada, Zaragoza, Valência e Barcelona. Evidentemente nom é o mesmo emitir em FM numha cidade pequena que numha como Madrid, visto que às vezes as cidades maiores som as que mais problemas geram aos projetos radiofônicos.

P > Tens relaçom com outros projectos semelhantes para compartilhar ideias ou esforços?

R < Agora mesmo essa relaçom nom é formal, mas existe. Após 50 programas temos alguns colaboradores fixos em certos âmbitos, como o jurídico ou a luita contra o Trem de Alta Velocidade (TAV) em Euskal Herria. Por outro lado, nosso programa faz parte das lutas que sentimos como próprias da cidade e, portanto, trata de ser umha plataforma da qual dá-lhes força (ainda que seja pouca). Nosso anseio é que também haja companheiras que nos busquem e proponham temas para fazer programas, chegue o momento em que esse sentir comunitário se estenda e sejamos tam só um recurso a mais em umha luita coletiva por umha vida sem capitalismo, onde ninguém mande e ninguém obedeça. Nossa razom de ser é a difusom dos valores em que acreditamos. Um exemplo concreto seria o programa número 48: Lavapiés ingentrificável. É parte de toda umha luita promovida por umha assembleia contra o Plano de Melhora da Segurança e a Convivência de Lavapiés, que incluiu um debate na rua ou a ediçom dum número especial do jornal “Todo por Hacer”. Ajudamos no que pudemos, e sem dúvida queremos fazê-lo cada vez melhor.

P > O que oferecem os programas de rádios livres como o vosso ao movimento libertário em particular e aos movimentos sociais em geral?

R < Primeiro o geral: aos movimentos sociais de base, autônomos e anticapitalistas tam só queremos oferecer... somar ideias e contribuir, na medida do possível, para que cada vez mais gente conheça suas luitas. E no particular, no relativo ao movimento libertário, nossa intençom nom é outra que a de tirá-lo das próprias limitaçons em que se tem fechado com o passar dos anos (a auto referencialidade, a falta de argumentos, os enfoques banais...) e fazer propaganda: nada novo sob o sol, na verdade. Nosso programa nom está orientado a activistas libertárias, o que buscamos é estender as ideias em que acreditamos e dar voz às prácticas que as reflitam. Isso nom quer dizer que nossos conteúdos nom tenham nengum filtro de pureza ideológica, nem que sempre compartilhamos cem por centro as posiçons de quem passam por nossos microfones ou os conteúdos dos livros e filmes que resenhamos. Queremos compartilhar as experiências de quem enfrentam esta ordem de coisas de maneira honesta e auto-organizada, passar para as cabeças das pessoas que nos escuitam a ideia de que as tormentas som necessárias, de que a luta é necessária... Ainda que as condiçons sejam absolutamente hostis. É melhor aprender, conhecer e luitar, que resignar-se e apodrecer lentamente em algum dos nichos que a sociedade nos oferece. Essa é a opçom pela qual tomamos partido, nom temos nengumha moto que vender, e nesse sentido os libertários se diferenciam do resto de reductos ideológicos que tratam de impulsionar as luitas sociais. Nos limitamos a defender umha cultura e umha metodologia vivas: organizar-se entre iguais e para com nossos iguais. Nom é umha alternativa tam simples como filiar-se a umha organizaçom e seguir as diretrizes do líder de turno, mas nos parece a única maneira de abordar a transformaçom social sem delegar a própria vida a poderes alheios. Essa é a mensagem que queremos mandar.

P > Se alguém estiver interessada em colaborar com Cabezas de Tormentas, como pode participar ou tomar parte do projecto, se isto é possível?

R < Cabezas de Tormenta têm umha assembleia já funcionando, e por razons evidentes de operatividade nom tem sentido abri-la publicamente. Mas o que incentivamos é gerar um programa próprio. Os meios que se necessitam som muito escassos (podem nos escrever para conhecê-los, ainda que nossa web tenha alguma informaçom a respeito) e a experiência vale a pena. Também compartilhamos nosso modesto estúdio com quem o necessite e gere conteúdos antiautoritários. Por outro lado, agradecemos sugestons, ideias e, portanto, colaboraçons de todo tipo. Em especial pedimos ajuda na hora da difusom.

P > Pode dar algum conselho para quem estiver pensando em embarcar num projecto radiofônico parecido?

R < Que se animem. A rádio é um meio bonito. Recupera a palavra em metade desta circulaçom frenética de imagens que nom dizem nada. Como qualquer outro projecto, tem seu tempo: preparar conteúdos, gravar, editar, manter a web, etc. Mas em comparaçom com outras coisas, é umha ferramenta muito grata. O processo a que estamos assistindo é muito interessante: cada vez mais programas específicos, ainda que tenham umha periodicidade mais ampla, que ajudam a que determinadas luitas sejam conhecidas. Cada qual pode colocar umha emissora a sua frente de luita. É preciso entender que o melhor de tudo é que as pessoas vam investigar e conhecer sobre – por exemplo – o fracking (especialmente se nom tem repercussom direita no território onde vive), mas se pode saber o que é em linhas gerais, qual é seu papel dentro da lógica capitalista e como contribuir com as lutas de resistências escuitando um programa de umha hora. P > Tens pensado celebrar (ou celebraram) os 50 programas de algumha forma especial?

R < Enquanto podemos, queremos subir à web umha recompilaçom com a música que temos usado. Têm sido muitas as pessoas que nos tem comunicado que agradecem a heterogeneidade musical do programa... algo normal, por que cada um que participa é de seu pai e de sua nai. Aparentemente a rádio libertária é geralmente associada a determinado tipo de música (basicamente punk ou hip-hop político), mas acreditamos que enquadrar-se é um erro se o que queremos é chegar às pessoas. Ademais, e é um plano estrictamente pessoal, a todas nos encanta a música, de maneira que acaba gravando-se com o que gostamos e que encaixa em determinado programa.

P > Algo que queira comentar para encerrar a entrevista?

R < Graças a Tierra y Libertad pola oportunidade de dar-nos a conhecer. Saúde e anarquia!

Fonte: periódico anarquista Tierra y Libertad, número 305 – dezembro de 2013.

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