27 mar 2013

Tres novos relatos de Adri, "Senlheiro", desde o cárcere de Soto

As comunicaçons entre dentro e fora dos muros sempre vam ao seu tempo, esses dias que se passam desde que a pessoa que está encirrada escreve e as que estamos fora recevemos o seu escrito e podemos faze-los públicos, fam-se mais longos que as novidades que atingem à situaçom persoal das pessoas presas, assim hoje recebemos um novo correio do "Colectivo de Apoio a Senlheiro" com novos escritos de Adri, "Senlheiro", desde o talego  madrilenho de Soto del Real (se bem, como já publicamos, Adri está agora preso em Villabona, Asturies, e gosta de receber cartas, postais,...e facilitamos de novo o seu endereço ao final deste artículo). Colamo-los pois por expresso desejo deste colectivo de apoio, e fazemo-lo em ordem cronológico:

Cousas de prisom

El é galego, o primeiro galego que conheço em prisom. É baixo e está "cascao"

-Neno, venho de Puerto de Santa María, “menudo tute” metido na jaula essa.

Entrou no cárcere por roubo, com 19 anos. Umha condenaçom pequena. Agora tem 29 e faltam-lhe uns meses para sair. Pelejas e problemas por droga e dinheiro sumarom anos de condenamento, anos em primeiro grado, fechado numha cela e saindo tres ou quatro horas a um pátio minúsculo mais algumha que outra actividade.

Disse-me que é da Corunha.

Eu dissem-lhe: “- de Montealto, nom?”

-Sim, como o sabes?

Nom lho digo, mas sei-no. Porque Montealto é um bairro empobrecido, um bairro popular, de operários, de parados e precarizados, de economia submergida, de gente que se busca a vida para tirar para adiante.

Hoje, a mim trouxeram-me umha TV e a el umhas pílulas para durmir. A TV custa 183€ e vem de "El Corte Inglés" e quando saia de aqui ficará para a instituiçom. As pílulas, suponho-me que serám proporcionadas à instituiçom mediante algum trato económico com a farmaceútica.

Peta-me na parede e di-me pola janela:

-Paisano, deixa-me berrar-che umha cousa antes de deitar-me. Viva Galiza Ceive “mecagoendios”!.

Soto, 21 de fevereiro de 2013.

O obxectivo do sequestro

O obxectivo do sequestro, a dispersom e o ailhamento por parte da maquinária estatal, além de destruir física e psicológicamente à pessoa, é arrincar-lhe da sua comunidade, "borrá-la do mapa".

Neste caso, as cartas, as chamadas, as vissitas e as publicaçons na rede som o único jeito de estar presente. Também essa rede virtual de duplo fio, que é o Facebook. Rede de comunicaçom impessoal, a rede de control, pola que navigarám estas palavras (quando cheguem). Pois, por desgraça, a rede está a substituír a comunicaçom "cara a cara", á praza, ó parque, ó lugar de encontro; substitue um possível diálogo construtivo entre as pessoas, umha comunicaçom horizontal e livre e umha convivência real por um escaparate virtual.

Num cómic dos anos 80, como fundo dumha vinheta, resaltava umha pintada: "Muros brancos, povo mudo". Hoje é o tempo dos paneis publicitários das multinacionais na rua, e os "muros coloridos" na pantalha do computador.

Mas já que estamos, vem a conto colar aqui estes extractos:

Um panfleto que alguém deixou tirado no pátio dum liceu:
"(...) Centos de aldeias abandoadas, umha língua deturpada e minorizada, moços com presente de miséria, casas sem gente e gente sem casas, mulheres agredidas e  mecanismos de defensa, o meio natural em processo de destruiçom (...)"

Outro panfleto que alguém lançou ao vento numha manifestaçom pola autodeterminaçom:
"(...) Hoje é o tempo no que as palavras sobram. Tempo de mirar-nos aos olhos (...)"

E Mick Farren, um defensor da cultura alternativa, escrevira há 40 anos:
"(...) O Sistema semelha moi assustado pola cor, o destelo e a alta e alegre energia. Se te ocultas baixo os coxíns ou dentro do gueto, se a vida chega a ser monótona ou reservada, entom é que os porcos vam ganhando".

P.D. Se quadra chamar-lhe porcos aos poderosos nom é o melhor qualificativo; os porcos semelham-se mais aos presos em ailhamento, neste cortelho. :)

Soto, 3 de Março de 2013

Fernan “El Loco”.

Chamam-lhe Fernan. Fernan “El Loco”. Leva preso desde os 18 anos. Tem 26. Cae-lhe a baba mentres fala. Está contente porque conseguiu meter umha “playstation” na cela. Tres meses de queixas ao Julgado de Vigilância Penitenciária. Como muitos, recebeu malheiras e malheiras nos centros nos que estivo. Tem umha saca cheia de pílulas de diversas cores e tamanhos.

Ensina as tatuagens que tem no seu peito: "Viviendo para sufrir".

Umha vez fecharam-lhe com os tolos. O mais normal de-les falava e ouveava a seu tempo. Hoje viu-no ver a súa avoa. É a única pessoa que lhe vissita. Seica antes tinha umha moça. Loira. "Cachonda". "Forrada de pasta". Disque era filha dum alto cárrego de Esquerda Unida. Deixou-no porque nom deixava de ter problemas no "caldeiro", e cansou del. Tem sete ou oito delitos pendentes ainda. Todo dios conhece-o aqui. Sínte-se importante entre a gente de aqui.

Mentres me conta todo isto, o seu colega está a acarinhar un paxarinho que caeu medio morto, nom sei moi bem de onde. Fai-lhe o boca a boca. Mais bem, o boca a bico.

Nas reixas do telhado há umha pomba morta. Leva meses lá.

Hoje somos tres no pátio.

Soto, 4 de Março de 2013

Novo endereço:

Adrián Mosquera Pazos

Centro Penitenciario de Villabona
Finca Tabladiello
C.P. 33480 Villabona (Asturies)

2 comentarios:

  1. Ánimo a Adriám Mosquera dende Galiza, moita força e enerxía positiva. A luita continúa e continuará sempre na Galiza pola soberanía, pola independencia e orgulho do noso povo. Avante, denantes mortos que escravos e viva galiza ceive e socialista. (A)

    ResponderEliminar